terça-feira, 24 de abril de 2012

A seca "tá" castigando...

      Depois de quase dois meses sem escrever, já estava quase a desistir de voltar aqui. Nesses dias que passaram muitas coisas aconteceram. Estamos passando por um período muito difícil aqui, a seca está castigando cada vez mais nosso povo. A cada conversa é unanime que esta tem sido a pior seca dos últimos 40 anos, pior que essa houve uma na década de 1970. A diferença, segundo muitos, dessa época para aquela são os programas assistenciais do governo federal e número crescente de pessoas idosas com o beneficio da aposentadoria. Além disso, é grande o números de cisternas nas propriedades rurais de Ipupiara.
          
       São em momentos como esses que é possível dar o devido valor a água. Eu que venho do sul do Brasil, região abundante de água e chuva, jamais pude entender realmente o valor primordial da água. É claro que em nossos discursos estamos estafados de reconhecer que a água é fonte de vida, mas nossa vida não tem sido devidamente colocada a disposição para cuidar de tal bem. Foi aqui nesse pedaço humano do sertão que realmente tenho conseguido entender o valor desse dom natural.
           
    Dias atrás pude presenciar uma cena triste. Ao chegar em uma comunidade rural daqui da região, horas antes de começar a missa, o caminhão pipa abastecia uma caixa d’água de mil litros e aos poucos cada morador vinha com seus galões encher o que seria o abastecimento de sua casa para pelo menos uma semana. Confesso que fiquei surpreso, o sol já estava escaldante, muitos apressavam seus passos para pegar a água e não perde a missa, outros deixavam para depois da “reza”. A esperança daquele povo era alimentada pela fé de que Deus iria mandar chuva logo para o sertão. Aos poucos seguiam os passos com os recipientes cheios de água como se fosse o presente mais importante de suas vidas.
         
         Semana passada o governo do estado da Bahia aceitou o decreto municipal e declarou Ipupiara em situação de emergência por causa da seca. Já chegam a 170 municípios baianos nessa situação. Semana passada caiu algumas gotas no chão de Ipupiara, mas somando-se todos os dias que choveu, não passou de 15 minutos de pingos fracos e insuficientes para amenizar a situação. Nem as chuvas, desde minha última publicação sobre elas, foram suficientes. Apenas as esperanças se renovam, mas logo são desfeitas. Quem sofre, sobretudo, são os animais e, por conseguinte os homens que ficam atados por esperar o bem mais precioso da natureza voltar a abundar nos solos desse chão.




Que a chuva venha logo e com toda força!!!